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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Angra grava DVD em São Paulo e conta tudo em entrevista exclusiva

Exclusivo

Surge uma nova era na história do Angra aos 26 anos de idade.   A banda vem especialmente em São Paulo para a gravação do novo álbum na integra e vários sucessos em um show especial dia 21 de julho, no Tom Brasil. Nem mesmo a trajetória muitas vezes incerta foi capaz de tirar o foco, determinação e inspiração do quinteto liderado – e fundado – por Rafael Bittencourt, e formado ainda por Felipe Andreoli (baixo), Fabio Lione (voz), Marcelo Barbosa (guitarra) e Bruno Valverde (bateria). ØMNI é o 9º disco de estúdio do Angra, resultado de meses de dedicação intensa, suor e sangue. 

O álbum foi gravado mais uma vez na Suécia, com o mesmo produtor do disco anterior (Secret Garden), Jens Bogren, e repete a excelente química de três anos atrás. A sonoridade, ao mesmo tempo que é totalmente contemporânea, tem um caráter orgânico e respeita muito as diferentes nuances e dinâmicas dos instrumentos. Entre os diversos músicos convidados, destacam-se a vocalista do Arch Enemy, Alissa White-Gluz e a cantora brasileira Sandy, que emprestam suas vozes de características totalmente opostas à faixa “Black Widow’s Web”. Muitos foram os músicos envolvidos no processo, que envolve desde a percussão da Bahia até os arranjos orquestrais da Europa, e estes ajudam a dar ao disco suas diferentes e importantes texturas.

ØMNI será certamente um marco, não só na história da banda, mas também para metal brasileiro e seu reconhecimento mundo afora.

Com exclusividade uma super entrevista com Felipe Andreoli:

CV- Omni, como o Rafael costuma dizer, significa "tudo". Vocês selecionaram discos específicos da carreira como base para as composições?

Felipe Andreoli - "Não, a gente não selecionou discos específicos embora a gente saiba qual é a preferência dos fãs, a gente se baseia um pouco nesses trabalhos passados mais para se basear no balanço entre as músicas , quantas são mais rápidas, mais lentas, quantas são mais progressivas, quantas são mais étnicas, do que no caminho da composição em si. a gente deixa a composição bem livre pra tomar os rumos que ela tiver que tomar.  Mas a gente tem uma certa ordem que a gente obedece em quase todos os discos  e ela claro varia também, não é uma ordem totalmente fechada  mas existe uma certa estrutura sim que a gente costuma utilizar, e nesse ponto os outros discos foram sim e são base pra montar esse balanço. Falando das letras, liricamente, esse disco se conecta com outros discos da banda, mas numa questão de conceito, não se baseando no que diziam os outros discos mas sim conectando, criando novas histórias que conversam com esses discos passados."



CV- Ao ouvir o CD pela internet, percebi que "Caveman", mais que todas as outras músicas, segue uma linha muito progressiva. Como foi o processo de composição dela?

F- " "Caveman" foi uma das primeiras músicas que a gente começou a compor num camarim de Munique, na Alemanha e ela surgiu daquele rife principal que começa a música, e dali a gente foi desenvolvendo sabendo que ela é uma música  que tem essa cara mais brasileira mais étnica e a gente foi desenvolvendo a música com isso em mente,  ela é bastante progressiva sim assim como outros que são tão progressivas quanto a própria Silence Inside, mas ela vai para esse lado mais étnico ainda do que a Silence Inside, e essa era a cara que a gente queria dar pra ela mesmo."




CV-  A mistura do gutural da Alissa  com a delicada voz da Sandy traz um contraste muito interessante em "Black Widow's Web". Este contraste foi proposital? Vocês já tinham as vozes em mente para participação?

F- " A gente teve a ideia de ter convidados nessa música na verdade quando estavamos no Cruzeiro que a gente fez em janeiro de 2017, chamado Seven thousand tons  of metal, nos Estados Unidos e a gente estava assistindo a performance do Arch Enemy,uma banda sueca que tem uma vocalista canadense que é a Alissa White-Gluz, e a gente ficou muito  impressionado com a atuação, com a performance da Alissa , tanto na presença de palco,  quanto na voz mesmo e na versatilidade que ela tem e na potência, e ali surgiu a ideia de compor uma música que fosse pra voz dela, mesmo ali sem ela saber se toparia participar e a gente já se inspirou e começou a escrever essa música. Ao longo do processo surgiu a ideia de criar essa história aonde existia a Viúva Negra e essa Viúva Negra tem dois momentos, momento onde ela está seduzindo, traindo a presa que é a parte onde a Sandy cantou e ela tem o segundo momento onde ela já pegou a presa e não quer deixar ela escapar e etc, que é a parte da Alissa. Então, esses dois momentos da mesma personagem, foram muito bem interpretados, na minha opinião pela agressividade da Alissa e pela suavidade da Sandy, então esse contraste foi sim proposital pra ilustrar essa história que na verdade faz uma analogia as redes sociais, a Viúva Negra é na nossa canção as Redes Sociais e o poder de capturar pessoa e tirar do contato com mundo real".



CV-  O Angra sempre foi uma banda que fugiu do  Power Metal Tradicional Europeu. Em Omni vocês trouxeram uma personalidade muito inovadora e diferente para a banda, onde a temática é bem complexa e o conceito incentiva a discussão. Omni se trata de uma mensagem para o mundo, ou apenas uma história?

F- "Nunca é apenas uma história, a gente sempre procura tratar de temas que embora possam sobreviver como uma história por si só que tenha sim uma mensagem, que tenha sim especialmente  algo positivo que as pessoas possam tirar disso e que possa ser interpretado de maneira que  se conecte com o ouvinte em que ele ouvindo aquela letra, embora seja uma história  fictícia , que a mensagem ali dentro possa se conectar com esse ouvinte e  esse lance de incentivar a discussão é muito legal porque você abre a possibilidade do ouvinte ter a sua própria versão do que aquela  letra quis dizer. E nesse ponto você tem razão, a gente foge um pouco desse padrão do Power Metal Tradicional Europeu, justamente por falar na maioria das vezes de conceitos mais concretos, de coisas da nossa própria vida, em vez de falar muito sobre fantasia e sobre coisas totalmente fictícias, embora muitas vezes a gente tenha  letras que falam de coisas fictícias, a mensagem  por trás dessas letras sempre há uma coisa voltada para a percepção humana, para a Filosofia e esse tipo de coisa".




CV- Vocês, individualmente, acreditam em extraterrestres? O que eles achariam de Omni?

F- "Eu pessoalmente acredito que deva existir vida fora da terra, vida inteligente, inclusive fora da Terra,  por uma simples questão de Matemática, existe até uma equação de que eu não vou me lembrar o nome agora.....  de que  Matematicamente a probabilidade de existir vida inteligente fora da Terra   é muito grande. Só que eu não acredito nas visitas de extraterrestres na Terra porque acho que a gente tá muito distante dos sistemas que são hoje, segundo nosso conhecimento de hoje, candidatos a abrigarem planetas que possam por sua vez abrigar vida. Então eu não acredito que a gente seja visitado , eu tenho muita dificuldade em acreditar nesses relatos de visita de extraterrestres mas acredito que deve existir em algum lugar do Universo ou de outros Universos, vida inteligente.  O que eles achariam do Omni?  Eu não sei, partindo do principio que eles conseguiriam entender o conceito de música e o conceito de arte, sei lá.... talvez seja um monte de barulho ou eles vejam uma ordem nisso, o disco é variado o  suficiente de momentos, leves, pesados, e momentos percussivos, orquestrais, que alguma coisa ali dentro deveria agradar um  extraterrestre que goste de música".




CV- Este ano será importante para o metal no Brasil, além de muitas bandas surgindo, teremos o retorno do Shaman. Podemos esperar um Angra Fest com Shaman e Almah? Vocês sabem que muita gente sonha com isso...

F- "Eu acho fantástico esse momento, ele é sim muito importante para o Metal no Brasil e a gente se sente de certa forma responsável por esse bust de ânimo nas bandas brasileiras, são várias que estão voltando a atividade,  o Shaman sendo a principal delas, outras bandas surgindo ou ganhando mais espaço, mas parece que com essa turnê especialmente que o Angra tem feito,com um monte de shows lotados e o sucesso do último disco, eu acho que é uma injeção de ânimo no mercado  e isso é excelente, fiquei muito feliz, muito satisfeito com a volta do Shaman e acho que eles deveriam ter feito há muito tempo,  mas nunca é tarde, e acho que o Angra tem uma grande porção de responsabilidade de animar essa galera para que isso aconteça. Sobre um Angra Fest com Shaman e Almah seria fantástico,  uma ideia pra qual a gente está sempre aberto de se juntar com outras bandas. os anos de rivalidade de Angra e Shaman  estão no passado, a gente tem hoje em dia uma relação muito mais próxima principalmente com Ricardo e Luis, que participaram recentemente de vários shows do Angra e acho que isso é uma possibilidade e espero que isso aconteça, no momento correto, com o Shaman ou qualquer outra que queira se juntar ao Angra. Essa é a ideia.... de juntar e trazer outras bandas e fãs. "



CV- Se Omni é o grande álbum que resume tudo em relação ao Angra, o que podemos esperar dos próximos materiais? Pretendem seguir nessa linha criativa mais misteriosa, ou pode ser algo totalmente diferente?

F- "Nem eu sei o que esperar dos próximos materiais,  eu não sei se o Omni resume tudo em relação a banda....uma história de 27 anos , mas eu acho que ele representa bem a banda como um todo, esse balanço do Omni pode ser buscado num próximo trabalhou ou não..... procuramos não limitar as ideias para não ter nenhum tipo de preconceito.... O Omni é um disco que ninguém esperava.... ter a Sandy e a Alissa numa canção, tudo pode acontecer, a gente sabe o que o fã espera da gente e ao mesmo tempo temos liberdade de ir por um caminho  que não se espera. Em se tratando do Angra tudo  pode acontecer...."