Grupo premiado com o espetáculo Meu Amigo Inventor cria nova peça também
homenageando personagem histórico. Um acidente causado às vésperas do Dia
dos Mortos põe em risco uma das festas mais tradicionais e importantes do México. Ainda
criança, Frida Kahlo e seu amigo Miguel trabalham juntos e vencem diferenças
para garantir as comemorações
Após o sucesso da peça Meu Amigo Inventor, em que o artista e inventor
Leonardo Da Vinci vem do passado conhecer as brincadeiras e hábitos das
crianças do presente, a premiada Companhia de Copas, formada por Luciana
Castellano e Victor Merseguel, renova a parceria com o diretor Fernando
Escrich e com o dramaturgo Celso Correia Lopes no inédito Pequena Magdalena.
A peça parte da infância da pintora mexicana Frida Kahlo (1907 - 1954) para
contar aos pequenos uma história sobre aceitação, superação e respeito às
diferenças, além de temas que, hoje, cada vez mais, estão ligados à figura
da artista, como igualdade de gênero e empoderamento feminino. O espetáculo
estreia dia 4 de agosto, sábado, às 17h30, no Teatro Alfa.

Na história, que se passa na véspera do Día de Los Muertos (uma importante
celebração mexicana que acontece no dia 2 de novembro e corresponde ao Dia
de Finados no Brasil), Magdalena (Frida) tem a difícil tarefa de salvar a
festividade depois de causar um enorme acidente e para isso, conta com a
ajuda de Miguel, um menino que é conhecido por todos pelo seu jeitão
diferente e hábitos peculiares, como o de caçar morcegos e aranhas; por
exemplo. Miguel é filho de Dona Consuelo, a zeladora do cemitério, e por
isso mora lá. Magdalena também possui suas diferenças. Traz consigo, em sua
perna direita, as marcas de uma grave doença que teve aos seis anos; doença
essa que a obriga a se superar e se manter hábitos bem distintos de outras
meninas de sua idade e época, como andar de bicicleta, lutar boxe, jogar
futebol etc. O acidente causado por Magdalena, põe em risco uma parte
importante de um ritual que consiste em preparar a entrada dos parente e
amigos que já se foram ao mundo dos vivos; e sem isso a festa mais
tradicional e conhecida do México não poderia acontecer naquele cemitério!
A ideia de trazer Frida Kahlo aos palcos foi concebida por Luciana
Castellano, atriz que integra a Companhia de Copas ao lado de Victor
Merseguel. A primeira peça do grupo que parte da biografia de uma figura
histórica foi Meu Amigo Inventor, de 2016, que conquistou o Prêmio São Paulo
de Teatro Infantil e Jovem na categoria de melhor cenógrafo; foi eleito pelo
guia da folha em 3° lugar pelo voto popular como melhor espetáculo e foi
eleito em sete categorias pelo site especializado Pecinha é a Vovózinha,
incluindo melhor espetáculo. "A diferença é que em Meu Amigo Inventor,
Leonardo Da Vinci vem para o presente já como a figura que conhecemos e, em
Pequena Magdalena, nós é que vamos para o passado visitar a infância da
Frida e tentar entender como foi formada sua personalidade tão marcante",
diz Luciana.
O desafio da dupla em Pequena Magdalena foi entender quais elementos da vida
de Frida Kahlo ocorridos na infância foram decisivos para ela se estruturar
como artista já na vida adulta. As dificuldades de saúde, iniciadas com a
poliomielite que causou uma lesão em seu pé direito aos seis anos, foram
observadas pela dupla para abordar com os pequenos a importância do respeito
ao próximo. "Frida era chamada pelos colegas da escola de pata de palo
(perna de pau) e isso criou uma dificuldade para ela se relacionar com
outras crianças, um dos motivos pelos quais ela se tornou uma mulher muito
arredia e arisca. Lidar com as limitações como um problema que devia ser
superado foi a postura durante toda a vida. Isso é algo que reforçamos na
peça", diz Luciana.
Miguel e Dona Consuelo são duas personagens que não existiram de verdade,
mas que representam pessoas que cercaram a artista. Guillermo, o pai de
Frida, é a única figura além dela que realmente existiu. "Ele era um grande
apreciador da cultura mexicana, apesar de ser alemão. Valorizava muito o
país que o acolheu, e chegou a alterar seu nome de Wilhelm para Guillermo
quando se mudou para o México para facilitar a pronúncia no país", conta
Victor.
O ator complementa que Guillermo foi essencial para o desenvolvimento
artístico e pessoal de Frida Kahlo. "Quando pequena, ele a incentivava a
praticar exercícios e aceitava sua forma pouco convencional de expressar,
como por exemplo em suas vestimentas. Quando, aos 18 anos sofreu um grave
acidente de bonde, que a deixou meses na cama entre a vida e a morte, seus
pais a incentivaram a pintar, fazendo uma adaptação em sua cama para que ela
conseguisse alcançar o cavalete deitada. Vale ressaltar que Guillermo também
foi pintor e fotógrafo", diz. Na peça, as dores, tristezas e até a morte são
tratados de uma maneira leve, como fatores que são invitáveis na vida e que
devem ser superados da melhor forma possível.
Para a Companhia de Copas, a peça também tem um papel fundamental em
resgatar elementos da América Latina, poucas vezes contextualizadas em
montagem infantis no Brasil. Além do contexto da peça se passar no dia dos
mortos, uma das manifestações mais importantes do México, somam-se à peça
figurinos e elementos cênicos ligados ao local, muito influenciado até hoje
pela cultura indígena.
Espetáculo infantil Pequena Magdalena - Estreia dia 4 de agosto, sábado, às
17h30, na Sala B do Teatro Alfa. Telefone: (11) 5693-4000. Capacidade: 204
lugares. Temporada: Sábados e domingos, às 17h30. Até 30 de setembro.
Duração: 55 minutos. Classificação: Livre. Indicado para crianças a partir
de 5 anos. Ingressos: R$ 40,00 (inteira para adultos) e R$ 20,00 (meia para
crianças, estudantes e maiores de 60 anos).