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segunda-feira, 19 de março de 2018

Subterrâneo estreia no Sesc Consolação, no Teatro Anchieta, em 23 de março

"Yebo" foi o primeiro, o espetáculo de estreia do grupo que carrega em seu nome o estilo de dança Gumboot criada pelos mineiros na África do Sul.  Uma forma de comunicação rítmica através das batidas de suas botas de borracha, Subterrâneo, que estreia em 23 de março, no Teatro Anchieta, é a continuidade desta pesquisa iniciada em 2008, ano de formação do grupo Gumboot Dance Brasil pelo do bailarino e coreógrafo Rubens Oliveira, que trabalhou com Antônio Nobrega, Inês Bogéa, Susana Mafra, Benjamin Taubkin e atuou por oito anos na Cia Teatro Dança Ivaldo Bertazzo, onde conheceu o Gumboot por meio do grupo Kova Brothers, da África do Sul.

O espetáculo propõe uma reflexão sobre o “subtérreo dos corpos”: as relações, marcas e memórias que cada indivíduo periférico carrega e constrói diante do contexto em que vive ou sobrevive.  Os treze bailarinos cantam, dançam e realizam uma grande percussão corporal com batidas em suas botas de borracha acompanhados por uma banda ao vivo.

Subterrâneo faz referências à ancestralidade, à história e às memórias de um povo que, embaixo da terra, lutou por sua sobrevivência O espetáculo faz um contraponto com o Brasil de hoje, onde, assim como nas minas, a população pobre trabalha em condições degradantes. Suburbanos explorados cotidianamente, com suas memórias sendo soterradas e suas vozes abafadas. Como sobreviver? Como ressignificar o cenário e resgatar a humanidade dentro de uma estrutura tão repressora e historicamente violenta?

Estas e outras questões estão colocadas no espetáculo como reflexões para serem compartilhadas com o público.
A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé, noite e atividades ao ar livre

O Gumboot surgiu na África do Sul no século XIX, em uma época em que foram descobertas várias minas de ouro e de diamante no país. Muitos sul-africanos de etnias diferentes foram forçados pelos colonizadores holandeses e britânicos a trabalhar nessas minas, em condições degradantes, sem ao menos conseguir se comunicar por não falarem a mesma língua (a África do Sul tem cerca de onze línguas oficiais).

Subvertendo o meio ao qual estavam submetidos, eles inventaram um jeito de se comunicar por meio dos batuques das botas, canto e gritos.


Segundo Rubens Oliveira, diretor do Gumboot Dance Brasil e entusiasta desta técnica - havia diversas simbologias que simplificavam essa comunicação como a “saudade da família”, o trem que os conduziam às minas e a própria iniciativa em se divertir por mais que estivessem em condições insalubres de trabalho. “A coerência de sons e ritmo foi amadurecendo e aos poucos transformaram a ‘comunicação das botas’ em dança”, sintetiza o bailarino.
Serviço:

Teatro Anchieta

280 lugares

Livre. 

Preços: R$ 40. R$ 20 (SSS). R$ 12 (TTT). 23/3 a 1/4. Quinta a sábado, 21h. Domingos, 18h. Exceto 30/3.

Sesc Consolação
Rua Doutor Vila Nova, 245
3234-3000