O espetáculo propõe uma reflexão sobre o “subtérreo dos corpos”: as relações, marcas e memórias que cada indivíduo periférico carrega e constrói diante do contexto em que vive ou sobrevive. Os treze bailarinos cantam, dançam e realizam uma grande percussão corporal com batidas em suas botas de borracha acompanhados por uma banda ao vivo.
Subterrâneo faz referências à ancestralidade, à história e às memórias de um povo que, embaixo da terra, lutou por sua sobrevivência O espetáculo faz um contraponto com o Brasil de hoje, onde, assim como nas minas, a população pobre trabalha em condições degradantes. Suburbanos explorados cotidianamente, com suas memórias sendo soterradas e suas vozes abafadas. Como sobreviver? Como ressignificar o cenário e resgatar a humanidade dentro de uma estrutura tão repressora e historicamente violenta?
Estas e outras questões estão colocadas no espetáculo como reflexões para serem compartilhadas com o público.

O Gumboot surgiu na África do Sul no século XIX, em uma época em que foram descobertas várias minas de ouro e de diamante no país. Muitos sul-africanos de etnias diferentes foram forçados pelos colonizadores holandeses e britânicos a trabalhar nessas minas, em condições degradantes, sem ao menos conseguir se comunicar por não falarem a mesma língua (a África do Sul tem cerca de onze línguas oficiais).
Subvertendo o meio ao qual estavam submetidos, eles inventaram um jeito de se comunicar por meio dos batuques das botas, canto e gritos.
Segundo Rubens Oliveira, diretor do Gumboot Dance Brasil e entusiasta desta técnica - havia diversas simbologias que simplificavam essa comunicação como a “saudade da família”, o trem que os conduziam às minas e a própria iniciativa em se divertir por mais que estivessem em condições insalubres de trabalho. “A coerência de sons e ritmo foi amadurecendo e aos poucos transformaram a ‘comunicação das botas’ em dança”, sintetiza o bailarino.
Serviço:
Teatro Anchieta
280 lugares
Livre.
Preços: R$ 40. R$ 20 (SSS). R$ 12 (TTT). 23/3 a 1/4. Quinta a sábado, 21h. Domingos, 18h. Exceto 30/3.
Sesc Consolação
Rua Doutor Vila Nova, 245
3234-3000