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terça-feira, 22 de maio de 2018

Atriz Helena Cerello lança romance de estreia pela Editora Quelônio

Quelônio lança romance da atriz Helena Cerello,

com texto de orelha de Lourenço Mutarelli

Lançamento: 26/5, sábado, a partir das 17h,

no Teatro Cemitério de Automóveis em São Paulo



Ninguém abandona o Paraíso pela porta da frente conta a história de Bella, atriz casada com Ulisses, diretor de cinema 21 anos mais velho, que se recupera de um AVC. Narrativa alterna tempos entre 2016 e 1994, passando em revista o relacionamento da protagonista com Tonio, ator talentoso e politizado, com quem Bella e Ulisses fizeram um filme no Nordeste. No presente, o romance transcorre em apenas um dia: Bella conta histórias ao convalescente Ulisses, revê as contradições entre desejo, arte e política, e decide dar outro rumo à própria vida, assumindo uma voz narrativa autoral, que se torna a matéria do romance que o leitor tem em mãos.



O romance de estreia de Helena Cerello narra a história de uma atriz de sucesso que, confrontada com a própria história (marcada por um amor dividido entre dois homens), toma consciência das ilusões do sucesso, questiona suas escolhas profissionais e passa em revista o próprio desejo. O estilo impactante da autora e a própria forma do romance (que alterna temporalidades e flerta com a linguagem dos roteiros de cinema) tornam o romance hipnótico, que envolve o leitor em uma trama surpreendente por meio de uma forma literária experimental de alta voltagem.



No presente, Bella cuida de Ulisses no quarto de uma fazenda em Limeira, interior de São Paulo. De início muito limitado em movimentos e consciência por conta do AVC sofrido recentemente, Ulisses vai melhorando aos poucos, graças às histórias de Bella, que o excitam e ao memo tempo o incomodam. Ao conversar com Ulisses, Bella conta histórias e revela um caso amoroso de vinte anos com um ator, com quem o casal fez um filme no Nordeste. Ao tomar para si a narrativa de sua própria história, ela assume uma voz autoral e emancipada, que combina o acusatório e o irônico, o romântico e o sarcástico.



A narrativa alterna capítulos entre 2016 e 1994, época em que os dois jovens atores, Bella e Tonio, se conheceram. Ulisses, o marido 21 anos mais velho, nunca creditou as participações dela nos roteiros de filmes que fizeram juntos. Sempre tratou a mulher (e sua atriz favorita) como uma musa, sem considerar as ideias, a autoria e os questionamentos de Bella. Narrado em primeira pessoa, o romance apresenta uma Bella que é ao mesmo tempo narradora e atriz, personagem e autora, personificação do mítico e do singular, do feminino e de uma individualidade única. Bella é Sherazade e Marilyn Monroe, Emma Bovary e Hilda Hilst, Cleópatra e Maria I, a Louca.

Os capítulos do passado contam a história dos encontros de Bella com o talentoso e sedutor Tonio, descrito como “um dos melhores atores de sua geração”, também casado, com quem Bella se envolve sem nunca ter um caso duradouro. Bella e Tonio não chegam a ser amantes de fato. Encontram-se algumas vezes ao longo de vinte anos, e a atração que sentem permanece um enigma, um desejo de ingredientes contraditórios. Bella admira Tonio pelo talento, por suas posições políticas, pelo espírito rebelde e insubmisso, que não se deixa capturar pelas armadilhas da fama.

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Atriz de sucesso no cinema e na TV, Bella é uma espécie de musa à sua própria revelia. Perturbada e perturbadora, sua inteligência e sarcasmo organizam essa história sobre as contradições do feminino, sempre a um passo do fetiche e do protagonismo. “Bella vive o fracasso de ter se tornado uma atriz de sucesso”, diz Lourenço Mutarelli no texto de orelha do livro. Para o escritor, a protagonista concentra características de muitas personagens femininas, uma essência camaleônica que encarna figuras míticas e paradigmáticas  como a Rainha de Copas, Cleópatra, Lady Macbeth, Marilyn Monroe e Rapunzel. Como observa Mutarelli, Bella “acostumou-se demais ao conforto”. A personagem vive um momento de tomada de consciência e de retomada da própria vida em suas mãos. Sua jogada é perigosa e incerta, mas necessária. Afinal, ninguém abandona o Paraíso pela porta da frente.